MUITO MAIS DO QUE AS LINHAS QUE DELIMITAM O CAMPO

terça-feira, 9 de novembro de 2010

SOMOS MARSHALL


Acho interessante como os cineastas de Hollywood conseguem dramatizar uma história que por si já é extremamente trágica, e ainda por cima fazem um filme que nos deixa ligado na tela o tempo todo (e reclamando da TNT por ter comerciais tão longos).

Geralmente nos Estados Unidos, pequenas cidades interioranas se envolvem fervorosamente com algum esporte colegial ou universitário. Tornam-se devotos ao ponto de fecharem os comércios e rumarem todos juntos para os monumentais gigantes de concreto que destoam da arquitetura local e fazem inveja a estrutura de clubes da elite do nosso futebol.

Agora, imaginem vocês quando uma equipe inteira, comissão técnica e pessoas ilustres desta cidade morrem em um acidente de avião a poucos minutos de pousar, o que acontece?

Essa é a história do filme “Somos Marshall” (We Are Marshall, 2006) do diretor McG. Ao voltar de um jogo na Carolina do Norte acontece o acidente aéreo em um bosque já na cidade de Hutington, sede da Universidade Marshall, em 1970.

Após o desastre, a reitoria da universidade se vê em meio a um dilema: encerrar o programa de futebol americano ou tentar resgatar o orgulho que a cidade tem da equipe e montá-la rapidamente para a próxima temporada.

Apesar da vontade do conselho diretivo da universidade ser de encerrar o programa, até por motivos pessoais de alguns integrantes, o reitor Donald Dedmon decide manter o time em virtude de um pedido de três jogadores que não viajaram com a equipe por estarem lesionados.

O grande problema agora era conseguir uma nova comissão técnica e jogadores, pois o regulamento da NCAA (National Collegiate Athletic Association, órgão regulamentador do esporte universitário nos EUA) não permitia a participação de calouros nos jogos. Além disso, o único integrante da comissão que sobreviveu por ter que viajar de carro para recrutar novos jogadores foi o auxiliar técnico Red Dawson (interpretado por Matthew Fox, o Jack de Lost), o qual não quer mais trabalhar com futebol. Outros treinadores que foram ex-jogadores da Marshall também recusam o convite (a universidade tinha a tradição de contratar apenas treinadores principais que tivessem algum vínculo com eles) tornando a reconstrução mais difícil ainda.

Porém, o reitor recebe uma carta de Jack Lengyel (Matthew McCoaughey, de Como Perder Um Homem Em 10 Dias), que decide sair do time em que trabalha para ajudar a cidade de Hutington a ter novamente um time de futebol americano.

Com seu jeito peculiar, o treinador Lengyel consegue trazer Dawson de volta, monta um staff técnico e, através do reitor, consegue uma autorização da NCAA para jogar com um time praticamente montado por calouros, inclusive alguns que nunca haviam jogado futebol.

Mesmo com uma temporada péssima em questão de resultados, Lengyel monta o embrião do que seria um dos grandes programa de futebol americano universitário dos Estado Unidos, ganhando diversos títulos estaduais e nacionais nas décadas seguintes.

P.S.: Nas universidades dos Estados Unidos as modalidades esportivas praticadas são contempladas como “programas”, pois não existe a prática de todas as modalidades nas universidades. São escolhidos os esportes que receberão verba para a formação de equipes de competição de alto rendimento.