MUITO MAIS DO QUE AS LINHAS QUE DELIMITAM O CAMPO

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

TREINANDO FUTUROS CAMPEÕES



O livro sobre o qual vou falar hoje foi comprado e lido no mesmo dia, em menos de uma hora, e trata de um tema muito interessante que vem sendo mais discutido a cada dia.

Escrito pelo excelente pesquisador Matthew Rhea, o livro “Treinamento de Força para Crianças” contém informações bem legais sobre o tema, desmistificando que este tipo de treinamento pode atrapalhar o crescimento e desenvolvimento dos pequenos.

A publicação começa falando sobre os aspectos fisiológicos das crianças e adolescentes, tratando também da diferenciação dos sexos na relação maturação, produção hormonal e aumento de força.

O autor orienta as diretrizes do treinamento de força para este público baseadas nas recomendações da National Strenght and Conditioning Association – NSCA (Associação Nacional de Força e Condicionamento/EUA), American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatria /EUA), American College of Sports Medicine (Colégio Americano de Medicina Esportiva/EUA) e American Orthopaedic Society for Sports Medicine (Sociedade Ortopédica Americana para Medicina do Esporte/EUA).

O livro contém também métodos de avaliação que determinam o nível de aptidão das crianças e adolescentes para o tipo de trabalho a ser realizado, além de servir como base para acompanhamento da evolução dos níveis de força dos mesmo.

O penúltimo capítulo trata da utilização do peso corporal como artifício para o aumento da força e mostra, através de fotos, os exercícios que devem ser empregados de acordo com o nível de condicionamento e da idade da criança. A maior parte dos exercícios pode ser feitos em quadras, parques ou qualquer outro espaço que você tenha para trabalhar com seus alunos. Apenas alguns exercícios necessitam de materiais como bola suíça, barra (pode-se utilizar brinquedos de parques em que a criança possa se pendurar), bastão de madeira e medicine Ball.

O capítulo final trata da montagem do programa, volume e freqüência dos exercícios, além de outras variáveis que devem ser levadas em consideração ao se trabalhar com crianças e adolescentes. O autor apresenta também alguns modelos de treinamento que podem ser empregados para os alunos.

É um livro pequeno, de fácil leitura e muito importante para os profissionais de Educação Física, seja para trabalhar dentro da escola como para os que trabalham em categorias de formação esportiva. O preço desta publicação é muito baixo em comparação ao nível das informações passadas e, como disse anteriormente, terminei a leitura em cerca de uma hora, então acredito que seja uma ótima aquisição para quem se interessa pela evolução física dos pequenos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

SE PREPARANDO PARA UM JOGO DE HOOLIGANS JOGADO POR CAVALHEIROS



Oito dias depois, aqui estou eu novamente. A vida de universitário não dá trégua com a infinidade de trabalhos, relatórios, provas, mas já está acabando. Assim poderei escrever com maior freqüência para vocês. Hoje vou falar sobre um dos primeiros livros de preparação física que adquiri, o qual trata especificamente sobre rugby.

“Rugby Fitness Training – A Twelve-Month Conditioning Programme” foi escrito por Ben Wilson em 2006, publicado no Reino Unido, terra natal do autor e do esporte em questão. O autor é formado na Universidade do País de Gales e possui vasta experiência em preparação física, trabalhando e estudando em países como Austrália (uma das meças do rugby mundial) e Estados Unidos.

O livro é bem formatado e não se faz exclusivo para profissionais da Educação Física, pois trata com muita clareza sobre os fundamentos da fisiologia e treinamento desportivo, mostra com muitas fotos exercícios de coordenação, força, agilidade e flexibilidade, além de trazer exemplos de planilhas de treino anuais e indica como o leitor pode montar um planejamento anual para seus treinos (esse tipo de publicação é muito comum no exterior, pois em vários países não há regulamentação sobre a habilitação do profissional que deve conduzir a preparação física) e testes que devem ser realizados para avaliar sua progressão.

É um livro interessante pela maneira como estão destacados os sistemas músculo-esqueléticos e energéticos, a explicação sobre a montagem do programa com relação aos tipos de exercícios utilizados em cada fase, assim como seu volume e intensidade.

Quem estiver com o Inglês em dia e se interessa por preparação física deveria considerar esta publicação, já que trabalhar com modalidades como rugby e futebol americano quebram paradigmas há muito existentes no nosso meio como “se eu aumentar a massa muscular do meu atleta ele perde agilidade”, ou “se você joga por 80 minutos, você deve treinar correr continuamente por 80 minutos”. Aí eu pergunto, como um atleta de 100 quilos consegue atravessar um campo de 100 metros em doze segundos, realizar essa tarefa muitas vezes no jogo e ser ágil como um lutador de boxe peso pena?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

UMA NOVA MANEIRA DE ENCARAR A MUSCULAÇÃO



Caríssimos leitores, desculpem pela demora entre o último post e este que lêem agora, mas andei ocupado nos últimos dias, inclusive não conseguindo terminar de ler (ainda) o livro sobre o qual vou falar agora (mas só falta um capítulo...).

Apesar de não ser grande entusiasta das academias, sempre senti muita falta das aulas de musculação durante a faculdade, as quais estou presenciando neste último semestre. Além disso, alguns poucos livros sobre o tema que me dispus a ler, não me ajudaram da maneira que eu esperava.

Este ano, o meu professor da referida disciplina, Mario Charro, juntamente com outros três renomados profissionais da Educação Física e com grande experiência em treinamento de força (Jonato Prestes, Denis Foschini e Paulo Marchetti), lançaram o livro “Prescrição e Periodização do Treinamento de Força em Academias”.

Confesso que se não fosse uma publicação feita pelo Mario Charro, me contentaria com o conteúdo passado em classe por ele e pela professora Andrea Hernandes, adicionando um outro livro sobre preparação física esportiva à minha biblioteca.

Agora, falando sobre o tal, trata-se de uma obra muito interessante para estudantes e profissionais da área. São cinco capítulos que falam sobre os princípios do treinamento de força, sua prescrição, a metodologia de montagem dos programas, os tipos de periodização que podem ser utilizadas em academias ou atendimento personalizado (é o capítulo que me encontro agora), as novas evidências da suplementação alimentar relacionada ao treinamento de força e, ao final de cada capítulo, há uma extensa lista de artigos para referência.

O interessante é que, em cada capítulo, os autores separam uma parte em forma de entrevista com grandes especialistas do assunto tratado, enriquecendo o conteúdo e facilitando o entendimento do capítulo por funcionar como um resumo.

O reconhecimento dos autores no meio, além da leitura de fácil entendimento e com muita informação, fazem-me recomendar este livro para todos os envolvidos na nossa área, inclusive público consumidor do “produto final” (o treinamento em si), que passará a ter outra visão sobre seu rendimento na academia.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DEPOIS DA TEMPESTADE


Depois de alguns dias de feriado e não conseguir terminar de ler o próximo livro sobre o qual pretendo escrever aqui, volto para falar sobre um filme emocionante visto na última segunda-feira.

“Hurricane Season” (Temporada do Furacão), dirigido por Tim Story e estrelado por Forrest Whitaker, é baseado na história real do treinador de basquete colegial Al Collins e sua equipe, os Patriots do colégio secundário John Ehret, de Nova Orleans/Louisiana.

Em agosto de 2005 o furacão Katrina devastou o litoral sul dos Estados Unidos, tendo alagado 89% da cidade de Nova Orleans. Muitas pessoas morreram no desastre e as que não conseguiram sair da cidade tiveram que viver por uma semana dentro do “Superdome” - estádio do New Orleans Saints, time de futebol americano – em condições insalubres, até que o governo americano conseguisse transportar todos para regiões seguras.

Em meio a esse desastre, o treinador Al Collins decide continuar o trabalho para a temporada que se iniciaria em uma semana. Tendo em mãos apenas alguns dos seus jogadores, o treinador precisou selecionar outros jovens de diferentes escolas, reconstruir seu ginásio e, através da formação da equipe, dar um pouco de esperança a esses estudantes e à população de Nova Orleans após a catástrofe.

Mesmo com toda a facilidade que os americanos têm de transformar histórias reais em épicos, o valor da lição dada pelo treinador Collins é memorável. A demonstração de caráter e fidelidade com a sua palavra e seus valores parecem realmente terem sido definidos por roteiristas, pois o que este homem fez parece inimaginável.

Porém, isso mostra o poder que o esporte tem de mobilizar as pessoas. Pode ser um pequeno grupo ou uma nação, mas momentos de glória vividos por parentes, amigos ou simples conterrâneos, é o suficiente para servir de exemplo e ajudar a melhorar a auto-estima de um povo.

Como esportista e cinéfilo, gosto de filmes que tratem de qualquer modalidade, ainda mais quando trazem mensagens e lições que só podem ser dadas através do esporte, afinal de contas, o esporte não constrói o caráter, ele o revela.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

SAI QUE É SUA!




Diferente do restante dos garotos brasileiros, comecei a gostar de futebol um pouco tarde. Minha verdadeira paixão era assistir o Chicago Bulls de Michael “Air” Jordan, Scott Pippen e John Paxson, o rei da cesta de três!

Porém, como não poderia deixar de ser, uma hora a bola branca e preta tomou o lugar daquela laranja e meus dias e noites resumiam-se a falar de futebol, jogar futebol e acompanhar tudo o que insinuasse futebol.

Como a habilidade com os pés nunca foi meu forte, seguindo os passos de meu avô materno e meu pai, resolvi tentar a vida como goleiro, descobrindo que ali, debaixo da meta é o local mais divertido para se estar no campo.

O tempo passou (sempre jogando no gol), até que em 2008 tive a oportunidade de ser preparador de goleiros da Portuguesa Santista nas categorias sub-15 e sub-17. Eu, no segundo ano de faculdade preparando cinco goleiros para a disputa do Campeonato Paulista em um clube tradicional não poderia fazer feio. Mas como eu poderia me embasar para montar os treinos?

Pesquisando na internet encontrei dois livros que foram muito úteis durante minha jornada na briosa. Um deles chama-se “1000 Ejercicios y Juegos para el Portero de Fútbol” de Bernhard Bruggmann.

Dividido em aquecimento, treinamento físico, coordenação, técnica, exercícios complexos de situação de jogo, testes e exercícios com outros tipos de bolas e materiais alternativos, o livro conta com ilustrações e fotos, além de pequenos textos explicativos para cada exercício.

Não se trata de um livro voltado para o treinamento de alto rendimento, mas é muito útil como consulta para diversificação de exercícios com goleiros de iniciação esportiva e futebol de base.

Outra coisa a ser levada em consideração é que o manual não fala sobre os aspectos fisiológicos do goleiro, que possui um treinador específico não só por se tratar de um atleta tecnicamente diferente dos demais, mas por necessitar de um condicionamento específico que não é gerado apenas com chutes ao gol.

Portanto, antes de sair correndo atrás do livro e usar os exercícios da maneira que bem entender, pesquise quais as capacidades predominantes nas ações do goleiro e veja quais são os melhores exercícios em cada fase da periodização e qual o volume e a intensidade dos estímulos.

Chutador de bola existem vários, mas preparadores físicos de goleiro são poucos. Qual é o SEU diferencial?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ESPECIFICIDADE - E isso foi há 20 anos



O texto “Como Eles Treinam: Métodos de Condicionamento do Campeão Mundial de Boxe Evander Holyfield” (Sportscience News Sep-Oct 1997) escrito pelo Phd Frederick C. Hatfield demonstra o quanto ficamos estagnados em relação a preparação física, independente da modalidade.

Apesar da publicação deste artigo ter sido feita em 1997, ele remete a preparação do boxeador para sua luta contra James “Buster” Douglas, dia 25 de outubro de 1990 (vitória de Holyfield por nocaute a 1’10” do 3º round).

Chamado para coordenar a preparação física do atleta, Hatfield ficou preocupado com o nível de condicionamento de Holyfield em referência às demandas específicas do boxe. O atleta que até então vinha treinando como fora desde sempre - longas corridas para melhora do condicionamento aeróbio, trabalhos hipertróficos no treinamento de força e muito treino técnico de boxe – levou cerca de sete minutos para diminuir sua freqüência cardíaca de 180bpm para 120bpm após um circuito de três minutos que mimetizasse movimentos e o gasto energético de um round.

Lutadores de boxe precisam de componentes como agilidade, velocidade e muita força em movimentos explosivos, mas necessitam mais ainda de uma resistência anaeróbia lática extrema para sustentar esses movimentos explosivos com eficiência por vários rounds seguidos.

Hatfield desenvolveu um planejamento dividido em quatro blocos de três semanas cada, sempre criando uma base sólida para a semana subseqüente, implementando trabalhos pliométricos, trocando trabalhos de técnicas executadas de forma individual e passando a trabalhos globais que se aproximassem do que seria enfrentado dentro do ringue, além de extensivos exercícios para melhora do condicionamento anaeróbio do lutador.

O treino de força também foi modificado para que Holyfield não apenas ganhasse massa muscular, mas desenvolvesse sua força de forma otimizada para sua atividade. Para tanto, Hatfield convidou Lee Haney, diversas vezes campeão de fisiculturismo “Mr. Olympia” e seu ex-aluno, o qual elaborou um treino que trabalhasse força, potência e força rápida integradas.

Fugindo do empirismo que circunda grande números de modalidades, as quais seguem uma tradição de treinamentos ao invés de comprovações científicas, Hatfield aplicou o princípio da especificidade e a utilização de metodologias comprovadamente efetivas para preparar Holyfield naquele momento. O resultado obtido pelo atleta, não só pela vitória, mas pelo seu condicionamento, levou-o a manter a metodologia para a luta seguinte, mesmo não sendo mais acompanhado por Hatfield.

Para ler o texto original (em inglês) e visualizar as planilhas de treinamento, clique aqui.